Por volta de 1556, foram notados os primeiros vestígios do homem branco em solo iporanguense, provavelmente de exploradores portugueses ou refugiados remanescentes dos antigos invasores de nossa terra. Em 1.576, reunidos nos bares e similares da Praça dos Canhões em Cananéia, grupos de intrépidos aventureiros comentavam suas aventuras no desbravamento de novas terras, na conquista de novas fontes de riquezas para a coroa portuguesa. Geralmente fazia parte do grupo, um velho e veterano sertanista que, já não tendo mais forças para encetar novas incursões sertão adentro, deleitava seus ouvintes com narrativas ricas em detalhes, no qual discorria sobre a imponência de uma rica região encrustada nos contrafortes de magestosas montanhas, com uma flora abundante, prometedora e variada; sua fauna com incríveis manadas de animais das mais variadas espécies e principalmente onde o ouro cintilava, como que jorrando livre a abundante no leito de seus rios, enfim, um verdadeiro “Eldorado” e um deleite aos olhos de quem a visse. Essas narrativas, embora fantasiosa, fascinavam os ouvintes e os impressionavam sobremaneira, fazendo com que, em suas mentes sempre repletas desejos de aventura, de ânsia em desvendar o desconhecido, fossem nascendo, ali mesmo na Praça dos Canhões, a ideia de sair em busca dessa tão comentada região.
Assim, certo dia, reunidos na casa de um dos idealistas, um grupo de pessoas sob a chefia de Garcia Rodrigues Paes, sobrinho do bandeirante Fernão Dias Paes, Nuno Mendes Torres, Antonio Lino de Alvarenga e José de Moura Rolim, decidiram partir em expedição exploradora, iniciando-se os preparativos para encertar-se a aventura.
Em Março de 1576, após intensos preparativos e com uma frota de 15 canoas de pequeno calado, aptas a enfrentar a subida do Rio Ribeira, onde se localizava a meta almejada, partiram, zarpando do Porto de Cananéia. Após alcançar a foz do Ribeira, iniciaram a sua escalada rumo ao desconhecido. Assim, depois de inúmeras peripécias, com muitas paradas para recuperação dos exaustos tripulantes e para reconhecimento de novas e possíveis posses descobertas, atingiram o recém-fundado povoado de Conceição de Ivaporunduva, onde permaneceram alguns dias para recobrar novas energias, pois a partir dali, o caminho a percorrer seria completamente desconhecido.
A escalada ia-se tornando cada vez mais árdua e penosa. O rio tornava-se cada vez mais sinuoso , afunilando-se e consequentemente ia ficando mais caudaloso, formando em seu leito respeitosas corredeiras e majestosas cachoeiras espremidas entre perigosos penedos que desafiavam a perícia e a coragem do intrépidos aventureiros. No entanto , os aventureiros cada vez mais se extasiavam com a mudança acentuada dos aspectos geográficos, com a descoberta da majestosa floresta com as variadas espécies de arvores que se deparavam e com diversos bandos de inúmeros animais componentes da fauna que eles iam descobrindo gradativamente.
Assim, após muitos dias estafamante, penosa, mas extasiante incursão pelo sertão bruto, através do Ribeira e após terem deixado para traz a foz do desconhecido Rio Pilões, encontravam em meados de Junho, há muitos quilômetros rio acima, um novo afluente, onde aportaram para descansar e traçarem novos planos.
Notaram pela formação do cascalho na confluência do Ribeira com aquele novo rio que, tinham boas perspectivas e assim resolveram subi-lo com suas embarcações. Foi assim que a 12 de Junho de 1576, véspera de Santo Antonio, a oito quilômetros da foz do Rio Iporanga, nome com que batizavam o mesmo, encontraram uma vasta várzea que decidiram ser o local ideal para nele fixarem o seu ponto de referencia à futuras incursões mais para o centro do sertão. Iniciaram ali, a construção de rústicas cabanas de madeira no barro para abrigo dos garimpeiros e de seus familiares. Circundando-as construíram imponentes muralhas de pedras para previnir-se contra ataques de bugres que infestavam a região e que se mostravam bastante belicosos. Nascia assim o “Garimpo de Santo Antonio”, nome que deram em homenagem ao santo do dia. Começaram os primeiros preparatórios para o inicio do garimpo, bem como, o cultivo de cana de açúcar e cereais para a subsistência dos moradores.
Em 1625, o Arraial que contava com uma Capela, coberta de sapé, sendo o Padre José Maria Tinoco, o primeiro a administrar os sacramentos.Com o tempo, devido a chegada dos novos faiscadores, em vista da abundância do ouro na região e da fertilidade das terras, o arraial crescia e prosperava. A partir de 1625, o arraial já contava com uma Capela coberta de sapé, sendo o Padre José de Maria Tinoco, o primeiro a administrar os sacramentos.
Com o tempo, devido a chegada dos novos faiscadores, em vista da abundanciado ouro na região e da fertilidade das terras, o arraial crescia e prosperava. A partir de 1676 devido as dificuldades em se atingir o Rio Ribeira, através do caudaloso leito do Rio iporanga, foi surgindo a ideia de formar um novo núcleo habitacional em sua foz, no Ribeira, ideia essa aprovada por uns, rejeitada por outros e somente tempos depois por volta de 1730 se iniciou a formação do novo núcleo. O garimpo e Arraial de Santo Antonio, persistiu por mais de um século e meio, sendo registrado no Livro dos Quintos Reais, o total de 618 arrobas de ouro dele extraídas. Por volta de 1757, foi iniciada a construção, no mesmo lugar da Capela mais antiga, de uma outra, com paredes de taipa e coberta com telhas de barro, construindo-se também um pequeno cemitério que a circundava, segundo consta, a imagem de Santa Anna foi doada por Garcia Rodrigues Paes, sendo o Resplendor e a Coroa de ouro, doados por Antonio Lino de Alvarenga sendo a dita Capela filial da Vila de apiahy, de onde anualmente vinha os Reverendos Vigários administrador sacramentos até que, por varias representações do Exmo. Bispo Diocesamo Dom Frei Manoel da Ressurreição, obtiveram um Capelão com nome de Frei Antonio D’Ascensão, que permaneceu no local por dezoito anos, até que se recolheu ao seu convento.
Nesse ínterim, o novo povoado crescia a olhos vistos, com a construção de novas e mais sofisticadas habitações, casas de comércio , novos costumes ,evolução da moda e mescla de culturas , iam-se estabelecendo com a convivência dos colonizadores e escravos. Os vestuários masculinos da época se constituíam de calças largas de brim resistente, longas para o trabalho no campo . Os trajes domingueiros eram ricamente ajaezados.As damas usavam vestidos bastante rodados, enfeitados com ricas rendas e as escravas com seus vestidos brancos quase sempre, constituíam a moda da época.
O clico do ouro ia determinando cada vez mais, a rápida expansão do povoado.Com o nobre metal abundando na região , dizia a história que as damas da sociedade na época , faziam-se acompanhar aos bailes e reuniões sociais , nas suas aias (escravas mais vistosas ) cujas carapinhas borrifavam com ouro em pó, ostentando assim suas vaidades e riqueza . Havia também, escravos que, garimpando clandestinamente escondiam p produto de seu trabalho em garrafas e gomos de bambu, visando possivelmente a compra de sua liberdade junto a seus senhores.
Em meados de 1776, iniciou-se a arruamento mais planejado do povoado que surgia naturalmente . Algumas famílias que não vieram com o intuito de explorar o ouro e sim para cultivas a terra , deslocaram-se tanto rio abaixo , como rio acima , onde se estabeleceram plantando arroz ,milho,mandioca e principalmente cana de açúcar proporcionando com isso , o surgimento de futuras pequenas indústrias de rapadura, aguardente e farinhas , que seriam vendidas nos povoados vizinhos , as mesmo tempo construíam-se grandes sobrados e ricas vivendas , emprestando ao povoado em aspecto senhorial.
Em 1.802, veio , ordenado se São Paulo , o Padre Bernardo de Moura Prado , para administração dos sacramentos , fixando residência no município .Com o declínio do ciclo do ouro, os habitantes remanescentes de Sant’Anna, devido às dificuldades e incômodo para o povo deslocar até a Capela do antigo arraial, na área do garimpo , a fim de assistirem as missas e sepultarem seus mortos, além do abandono em que se encontrava aquela Capela, o Padre Bernardo , juntamente com o Capitão José de Moura Rolim e outros, iniciaram,por volta de 1814 , um movimento para a construção de uma nova Capela , onde já se encontrava instalada a maioria dos moradores.
O referido Padre conseguiu de Dona Escolástica Maria uma devota, a doação de um terreno para Santa Anna, para a construção da aludia Capela. Convocou-se o povo, sendo feito um mutirão para roçar e plantar arroz, tendo sido arrecadado com as vendas, o total de 100$000 (cem mil réis) para pagamento ao mestre de taipas, Francisco Alves. Em 1815, foi concedida a autorização do Bispo Dom Matheus de Abreu Pereira, quando então iniciaram as obras da Capela, sendo a mesma terminada em 1821.
A capela de Santa Anna, foi ornamentada com os bens da antiga Capela e, após terem sido efetuados os trâmites burocráticos da igreja, tanto por parte de Apiaí, a qual estava vinculada, quanto por parte do Bispado de São Paulo, foi benzida no dia 5 de Junho de 1822, pelo Vigário de Apiaí Generoso Alexandre Vieira, e Padres Bernardo de Moura Prado e Francisco José de Trindade.
Iporanga experimentava substancial crescimento e seus novos habitantes deram-lhe carinhosamente a denominação ainda não oficial de “Freguesia”, batizando-a de “Freguesia de Sant’Ana”.O espírito de irrequieto dos moradores, fez com que começassem a abandonar o Caminho dos Rios, iniciando a exploração ruma ao planalto para novas fontes de riquezas e visando a comunicação com novos povoados que sabiam existir.Como Iporanga tornava-se um importante Porto Fluvial, foi iniciada a construção de duas escadarias de pedras, visando dar melhor acesso aos seus portos: “Porto de baixo” ou “Porto do Ribeirão” e “Porto de Clima” ou “Porto do Ribeira”.
Com o surgimento de novas indústrias de aguardente,rapaduras e beneficiamento de cereais através de monjolos nos arredores, intensificou-se o intercambio comercial com as povoações vizinhas. Continuava em franco desenvolvimento com o privilegio de ser o único meio de comunicação planalto-litoral , tornando-se através das trilhas anteriormente abertas pelos exploradores locais, já bem usadas e portanto conhecidas, uma importante via de acesso, único porto fluvial de onde se poderia partir em demanda, ao litoral. Permitindo o intercambio comercial das regiões vizinhas com o Planalto, através do transporte de tropas até Iporanga e daí por intermédio de frotas de embarcações (canoas) que desciam e subiam o Ribeira, transportando as mercadorias transacionadas.
Fazendo o intercambio comercial entre cidades importantes como Itapeva (antiga Faxina), Itararé, Ibiúna, Itapetininga, Sorocaba e outras através de tropas de muares. O transporte até Iporanga e dessa para o litoral, através de canoas de médio calado, que se constituíam em grande atração com suas sirenes ao atingir a “testa do Custodio” (Cachoeira) para avisar a população de sua chegada, a qual acorria prontamente, sempre ávida por novidades.
Tornou-se Tradicional e folclórica a figura do Tropeiro, homens intrépidos e valentes, responsáveis pelo transporte de bens, mercadorias e também pela segurança dos possíveis viajantes, que se engajavam a sua caravana, em transito para Iporanga ou vice-versa. Sua saída era acompanhada em silencio respeitoso, no entanto o regresso era bastante concorrido e festejado. As mocinhas da época corriam, havidas por novidades: tecidos,rendas,bijuterias que os mesmos traziam para o comercio local ou então, algum mancebo que significasse um casamento em potencial.
Nos livros de notas da Vila Sant’Ana de Iporanga, contava que em 1822 com 68 tropeiros cadastrados e 42 proprietários de tropas.
Por efeito da manifestação dos moradores, aos 9 de dezembro de 1830, por Decreto imperial o povoado foi elevado a categoria de Freguesia, com seus limites oficialmente demarcadas. A Freguesia de Sant’Anna, Prosseguia em sua ascensão, apesar do ouro ter se esgotado pois a agricultura continuava em franca expansão com uma próspera atividade comercial. Tinha cadastrado em livros, como fonte de economia: 16 indústrias de fumo, 52 indústrias de engenhos de cana, 14 fábricas de rapadura, 12 fábricas de aguardente e diversos monjolos de cereais, que fabricavam farinha e outros, constando também no termo da Assembleia Geral de Novembro de 1830, a existência de 1200 moradores que se dedicavam a criação de porcos e plantio de arroz e cana.
Consta que aos 9 de Janeiro de 1832, no recém-criado “Distrito de Paz de Sant’Anna de Iporanga” haviam: 30 casas comerciais, 40 fábricas de rapadura, 28 fábricas de aguardente e 22 fábricas de farinha, 02 loterias, 02 alfaiates, 3 ferreiros e 1 fogueteiro. Na época, os senhores mais ricos mandavam seus filhos educarem-se na Europa (Lisboa e Paris), sendo que muitos desses ao regressarem, influenciaram sobremaneira os costumes do local, trazendo o gosto pelas artes e aumentando interesse pela cultura em geral.Em 1841, comemorando a data de coroação de D. Pedro II, é inaugurado o Teatro Recreativo Sant’Anna, fazendo-se apresentar a Companhia Lírica Francesa, vinda especialmente para o evento. Pela lei provincial, Nº 8 de Março de 1843, o distrito de Iporanga, que pertencia ao município de Apiaí, foi transferido para Xiririca, não demorando a iniciar o movimento pela emancipação político-administrativa da Vila, liderado pelo Coronel João Esteves Neves, a qual incorreu em 1873, em virtude a Lei Providencial nº 39, de 3 de abril daquele ano, em território desmembrado do município de Xiririca, era elevada à Vila, com nome de “Vila de Sant’Anna de Iporanga”, subordinada a Comarca de Faxina, atual Itapeva. Sua escalada foi rápida e em 1874, era elevada a município, sendo somente instalada a sede de 12 de Janeiro do dito ano de 1874, data que desde então é considerada como Aniversário da Cidade de Iporanga. Eventos Históricos marcaram as festividades. Era inaugurado o sistema de iluminação pública de Iporanga, com lampiões, cujos braços de ferro, com detalhes em relevo, foram importados da Europa e eram alimentados com azeite de baleia a posteriormente com querosene.
Sendo considerado o 4º Município da Província a possuir esse aparelhamento público, as três primeiras cidades foram, São Vicente, Itanhaém e São Paulo, pela ordem.Em levantamento estatístico realizado em 1875, para a província de São Paulo, conta que Iporanga contava com 3000 habitantes.
Em 1865, já ocorria a festa de Nossa Senhora do Livramento e São Benedito, que se tornaria tradicional até os dias 31 de dezembro e 2 de janeiro, constituindo de uma procissão fluvial de embarcações que, escoltada por uma réplica de Caravela Portuguesa, improvisava com canoas, madeiras, tecidos, bandeirolas, etc. Trazendo em seu interior as imagens dos Santos, descendo o Rio Ribeira e ancorando no Porto do Ribeirão, onde a multidão aguardava. As imagens são desembarcadas e conduzidas em procissão até a igreja Matriz, onde os fiéis prestavam-lhe o culto de fé. No ano de 1884 foram concluídas as obras da Torre principal da Igreja Matriz, projetada e construída pelo arquiteto alemão Guilherme Looze (ou Lohser), germânico da Bavária, nomeado pela Santa Sé em 1868, para tal fim. A inauguração da torre foi procedida de muitas festividades. Antes da conclusão da torre, um majestoso sino de bronze fora mandado confeccionar na Bélgica, mediante doação em dinheiro do Sr. Joaquim da Motta, próspero comerciante do local e com uma contribuição do Imperador D. Pedro II, no valor de 2.000 contos de réis.Consta que na inauguração da torre, à 1º de Janeiro de 1884, pelo Padre Antonio da Silva Pereira, esse sino já teria recebido os fiéis com seus maviosos repiques de sonoridade sem igual.
No entanto, sua inauguração se deu somente em 25/05/1885, conforme consta dos registros existentes, sendo a cerimônia dirigida pelo Padre Angelo Marcondes, benzendo o sino que traz em relevo o Brasão do Império, e que da Torre, desde então, passou a chamar os fiéis com seus enternecedores repiques, conclamando-os à oração. Dizem os historiadores, que em sua fundição, foi misturado junto ao puro bronze, dois quilogramas de ouro extraídos do próprio Ribeirão de Iporanga, para dar-lhe melhor sonoridade.
Com a expansão da Vila demandando cada vez mais a ocupação de todos os espaços, viram-se obrigados a transferir do pequeno cemitério para parte alta da Vila, sem do que suas muralhas foram feitas em barro socado, porem sob o altar mór da Matriz, repousam para sempre os restos mortais do Padre Bernardo, bem como dos primeiros povoadores da Vila.Iporanga prosseguia em sua caminhada progressista, embora em ritmo mais lento. A libertação dos escravos, em 1888, constituiu-se em rude golpe. Os escravos, livres do julgo de seus senhores, internavam-se pelo sertão adentro, estabelecendo-se por sua própria conta e iniciando no ramo da agricultura doméstica. Isso deu origem à formação de inúmeros povoados, como Nhunguara, Bombas, São Pedro, Poço Grande, Praia Grande, entre outros essencialmente de origens afro-brasileiras, o que se pode notar até hoje, por sua cultura e principalmente por seu linguajar típico, onde se incluem algumas misturas do dialeto africano com o português castiço. Outros, mais apegados a seus antigos donos, tornaram-se agregrados dos mesmos, tomando em conta de suas terras e estabelecendo-se nelas, formaram outros povoados como Pilões, Ribeirão, Andorinhas, Descalvado, Serra e Betari, onde restam alguns vestígios de raízes africanas.Em 22/09/1888 foi criado Cartório de Registro Civil e Anexo, sendo instalado em 01/01/1889.
A cultura também sofreu influências. Nos bailes e funções mesclavam-se as mais variadas formas de dança, umas partindo para o cunho profano e outras para o cunho religioso. Na sede e nos bairros eram realizados animados “fandangos”, “faxineiras”, “catiras” e “canas-verdes” do cunho profano, bem como a “România ou Dança de São Gonçalo”,”Folias de Rei”,”Folias do Divino” e outras de cunho profano-religioso. Em 1888, Iporanga registrou em seu “livro de Receitas”, a importância de oitenta mil contos de réis, como arrecadação de “Direitos de Fazer Fandangos”. Um dos mestres do fandango mais famoso foi Marcário Francisco Ramos, destacando-se outros como: Benedicto Mariano Aphonso, Cândido Francisco Guimarães, Joaquim Dias e Joaquim Henrique Correa.
A partir de 1906m, Iporanga experimentou uma pequena pausa em seu ritmo de progresso, retomando-o novamente três anos depois, com o comércio retomando seu ritmo normal. Foram abertas na ocasião, cinco indústrias extrativas de cal e iniciavam-se as primeiras pesquisas minerais de profundidade, através do Engenheiro Alemão Henrique Bauer e pesquisas espeleológicas com Ricardo Krone, Edmundo Krug e Bauer. Foram descobertas grutas magníficas e de admiráveis formações calcária e com o decorrer do tempo, instalaram-se a de Furnas.
Em 1910, na administração do Procurador Pedro da Silva Pereira Junior (Nhosinho), Iporanga criava o serviço de travessia do Ribeira, através de Balsa, estabelecendo seu porto de travessia na “Chácara do Lulú”, visando dar maior segurança a quem demandava rumo à Vila de Barra do Turvo ou dela vinham e à travessia de inúmeras varas de porcos que se destinavam à comercialização em Iporanga e cidades vizinhas.
Criava-se a Campânia de Navegação Sul Paulista, que com barcos de médio calado fazia o transporte de passageiros e cargas entre Iporanga e Iguape. Desenvolvia-se ainda mais a indústria de aguardente. Iporanga contava então com 47 engenhos de cana, 26 destilarias, 14 fábricas caseiras de fumo, 6 açougues e 42 casas comerciais. Tanto o movimento do porto quanto o trafego de tropas eram intensos. Como consequência, sentiu-se a necessidade de melhorar a infraestrutura da sede, sendo iniciado o remanejamento total do serviço de água do município, com a construção de um reservatório semi-enterrado de forma retangular e teto em arco de 90 graus em alvenaria de pedras e distribuição através de 750 metros de tubo de ferro fundido com três polegadas de diâmetros, importadas e com junta de chumbo.Existiam 3 chafarizes públicos, sendo uma praça Marechal Deodoro e outro na praça da Bandeira. Deles, apenas restam em funcionamento ou da Praça Luiz Nestlehner, antiga praça da matriz, em ferro fundido, estilo colonial e com aplicações de relevo.
Em 1984 pelo decreto 6448 de 21 de Maio, Iporanga via-se rebaixado a condições de distrito de paz, anexada ao município de Apiaí, mais dois anos após, em virtude da lei nº 2.790 de 23/12/1936, era novamente reconduzida a condição de município e instalado a 25 de Abril de 1937. Iporanga promoveu a sua primeira eleição, escolhendo como prefeito, o cidadão Florenço Alves Pedroso, que teve a sua gestão de quatro anos marcado por dois trágicos acontecimentos: em fins de 1937, uma enchente de proporções catastróficas assolou o Vale do Ribeira, deixando um saldo de destruição irreparáveis a agricultura e dizimando grande parte do rebanho suíno da região. Deixou também centenas de pessoas desabrigadas. Em consequência de tudo isso uma terrível epidemia de malaria assolou o município nos anos de 37/38, deixando um saldo aterrador de muitas vitimas fatais. Era comum verificar-se a cena quase de terror em filas de 10 ou mais cadáveres sendo transportadas para a ultima morada em “banguês”, pela total insuficiência de tempo e mão de obra para o fabrico de caixões mortuários, pois quase toda a população fora a cometida da terrível doença.
Em 1937, no governo de Dr. Adhemar de Barros, era inaugurada a rodovia estadual ligando Iporanga a Apiaí. Essa rodovia que levou dez anos para ser construída, conta em seu traçado original, através da Serra de Paranápiacaba, com muitas curvas e um visual deslumbrante, passando por encostas de serras, com prepicios assustadores que nos da a impressão de estarmos cavalgando sobre as nuvens e como maravilhosa sequencia de rios de águas puras e cristalinas e uma floresta de matas intocáveis. Devido a sua imensa riqueza, principalmente de seu subsolo rico em minério, julgava-se que essa estrada seria um marco de muito progresso para Iporanga. No entanto verificou-se exatamente o contrario. Em seu livro “Via de Comunicações para o Vale do Ribeira”, editada pela editora brasileira em 1945, o editor João de Souza Ferraz escreveu “A Estrada que foi construída visando levar o progresso a Iporanga, por seu ponto privilegiado de comunicação como litoral, serviu para marcar o inicio de sua decadência, pois o Iporanguense mais abastado serviu-se bela para iniciar sua retirada e consequentemente, o êxodo para as cidades mais desenvolvidas do planalto. Essa afirmativas de Ferraz, relata o que realmente aconteceu.
Em 1940, foi criada a primeira linha de ônibus da citada estrada, ligando Iporanga a Apiaí e também não tardaria a ser feita a eletrificação da cidade, o gerador, substituindo a antiga iluminação a querosene. Ainda em 1940, a concumitamente a mineração, seria tentada a uma nova alternativa econômica: a Indústria extrativa vegetal, tendo como principal produto o “palmito”. A primeira fabrica foi instalada na fazenda Santana, próxima do bairro. Moradores antigos contam-nos que a fabricas movimentaram a cidade gerando muitos empregos.
No mesmo ano de 1940 por iniciativa de um filho de Iporanga (Nascido na Áustria), Luiz Nestlehner) foi reiniciada as pesquisas visando as descobertas de novas cavernas e a exploração das já existentes, tendo em vista a viabilidade de utiliza-las como meio de atração turísticas e nova opção de fonte de renda para o município. Na época foram catalogados entre as já existentes e novas grutas descobertas, a existência de 92 delas, destacando-se “areias” pela existência de uma espécie rara de peixe, o bagre sego, sem os órgãos da visão e tem seu habitat no rio subterrâneo da gruta e cujo exemplar foi, inclusive levado pelo imperador Hiroito do Japão, para estudos, e a “Gruta de Santana”, famosas pela beleza de seus salões subterrâneos, pela riqueza de detalhes de suas formações calcarias e pelas formas de suas estalactites e estalagmites que dão a impressão de estarmos entrando no mundo de sonho e fantasia.
Em 1.966 Entrou em falência a mineração de furnas, que teve seu ergue na exploração do chumbo, ouro e prata (Galena) nos anos de 1955 e 1956 e eram uma das grandes fontes de emprego do município. Também as outras minerações ainda existentes foram pouco a pouco enterrando as suas atividades.
No entanto, na opinião de muitos, foi preciso que o movimento terrorista liberado pelo capitão Carlos Lamarca se espalhasse ao abandonado do Vale do Ribeira no período de 1968/71, para que o governo fizesse alguma coisa pela região. Assim construiu-se a estrada que liga Iporanga a Eldorado, Iporanga a Barra do Turvo, Ponte sobre o Rio Ribeira, substituindo a velha balsa, dotou-se a cidade de serviços de telefonia, implantou-se a iluminação publica pela Cesp, foi criado o ginasial e colegial na cidade, construindo-se varias edifícios escolares e causou-se a cidade.
Em relação ao turismo, a Prefeitura Municipal faz uma serie de melhorias na caverna de Santana e a partir de 1968, foi aberta os visitantes. Por volta de 1971, foi iniciado processo de tombamento do núcleo urbano da cidade, entretanto em 1979, a população criou um movimento contra o tombamento da cidade, pois estavam descrentes da política de preservação do estado e dos possíveis benefícios que essas ações trariam para Iporanga, visto que o processo vinha rolando a anos e não se via nenhum resultado concreto.
Com a reativação da mineração de chumbo, a partir de 1979, pela CAF (Campânia Argentifera Fumas), viveria-se novamente a ilusão do “processo”, ainda mais estimulada pelos imensos levantamentos realizados nesse período pelo Governo Estadual, através da Sudelpa e CPRM, incorporados posteriormente pelo programa de desenvolvimento de recursos maneirais (pro minério). Sendo nessa época reativadas as fabricas de palmito, serrarias e outras atividades de cunho extrativistas. No inicio da década de 80 foi marcada pela acentuação dos conflitos em virtude da resolução que definiria o tombamento da cidade e o processo de implantação do Petar, culminando com o fechamento das fabricas de palmito e outras existentes no município.
Em 1983 começou afetivamente a ser implantado o Petar e embora o turismo espeleológico tenha sido, apenas por bairro Serra e ao município vizinho de Apiaí foram afetivamente beneficiados. Assim, em pleno termino do século XX Iporanga ainda vive em quase total isolamento e decadência econômica e mesmo com a ação de grupos em termos internos e externos no município, resta-nos a firme esperança no desenvolvimento do Eco Turismo na região; mostrando que é possível desenvolver preservando o que restou desse rico patrimônio natural do Estado e isso não seria nenhuma novidade para quem pode acompanhar a rica historia: a conhecer Iporanga de hoje se prepara para uma nova fase de sua historia.
Fonte: Iporanga em Foco
Mais de Iporanga: